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Reino de Azienda

Há muitos e muitos anos havia um reino cravado entre montanhas de pedras e minerais preciosos, que ficava tão longe, mas tão longe, que nem se olhássemos a linha do horizonte poderíamos enxergá-lo.

O tal reino passou a ser governado pelo monarca Ramphastidae, que se julgava acima do bem e do mal e, como todo monarca, um semideus da linhagem Nixou Nivis. Ramphastidae, convocou um antigo Rei do Egito e Sudão para ser o responsável pelo tesouro real, o senhor Coração.

Coração tinha sob sua tutela uma gama enorme de trabalhadores conhecidos como “Mateus”. Os “Mateus” sempre foram considerados a elite dos trabalhadores do reino, mas havia uma disputa quase infantil entre eles para saber quem chegou primeiro ao reino, os “Mateus” do Norte ou os “Mateus” do Sul. Como eram muito preparados, essa casta foi crescendo e se confundindo com o próprio Rei que, aturdido, precisava fazer algo para detê-los, mas sem matá-los – mesmo fosse essa a vontade da linhagem Nivis –, a fim de não macular a imagem do monarca.

O senhor Coração teve a grande ideia de inventar algo que parecesse sério, honesto e democrático: escolheria alguns entre os “Mateus” para que inspecionasse e investigasse os trabalhadores, porém, estando sempre sob a batuta de seu fiel escudeiro, Pétrus. Assim, poderia punir quem desejasse e proteger os seus.

Pétrus resolveu escolher Karl para executar o trabalho, que colocou dentre os seus pares o tirânico Ragin-Wald. Juntos passaram a agir semelhante à dupla posteriormente formada por Joseph Mengele e Eugen Fisher, montando seu Volksgerichtshof, para que ali se fizesse “justiça”.

A dupla se perpetuou no poder e, por anos a fio, condenou à morte vários “Mateus” de baixa patente e, como esperado, NENHUM de alta patente, a fim de justificar/preservar a sua criação.

Para exemplificar um caso, dentre muitos outros, um “Mateus”, que causou prejuízos de milhões de moedas de ouro ao reino, jamais fora repreendido, sendo sempre lembrado por suas qualidades lácteas. Por outro lado, um pobre e justo ermitão, que ousou denunciar seus pares de alta patente, tivera sua denúncia execrada e tornou-se proscrito por tal “petulância”.

Mesmo depois que Nivis e seu posterior sucessor, Antheos, foram depostos pelo povo de Azienda e substituídos por um novo rei vindo de uma comuna italiana da região da Sardenha, o Volksgerichtshof continuava com os mesmos membros e, pasmem, servindo aos mesmos senhores.

Essa história não teve um final feliz como as outras de 1001 noites, além de ser bem próxima da realidade. Com isso, os “Mateus” continuaram acuados e, receosos de ter o mesmo fim que os pacientes de Mengele, viviam tomados pela visão do medo e do terror!

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