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A SEF-MG, o folclore e a hipocrisia da nossa realidade social

No livro “A Ressurreição de Zé Bonzim e Outras Histórias”, no conto “O tacho de ouro de Zé Izidoro”, somos apresentados ao personagem que dá nome ao título, uma pessoa comum da cidade, que teria sido criada por uma família de “destaque” dessa cidadezinha lá nos confins do mundo. Tornou-se motorista de praça em face da única oportunidade surgida, cujo contexto da época era uma profissão qualificada e, por isso, andava empertigado e cheio de soberba.

No entanto, a história de Zé Izidoro não tivera um final feliz. Com a chegada da crise, para não perder a “pose”, fora forçado a se desfazer de seu patrimônio. Para evitar que a sociedade descobrisse sua humilhante situação, um de seus amigos espalhou que ele descobrira um tacho de ouro. O boato durou pouco, a situação deteriorou e ele se tornou o folclore da cidadela.

Estamos cheios de Zé Izidoros na SEF. Num dos casos, uma AFRE, com cargo de “motorista de praça”, tão importante quanto o folclórico personagem do conto, chegou ao absurdo de procurar um colega, a ela não subordinado, para dar-lhe “um puxão de orelha” em assuntos avessos ao trabalho.

Seria terapêutico para a “Zé Izidora”, que ocupa cargo de simples “motorista de praça”, fazer uma autocrítica e, tal qual o personagem principal, recolher-se à sua insignificância. Afinal, por mais que ela não queira, a categoria é muito maior que seu “Fordinho 1929”.

Simone, cantora brilhante e sem nenhuma relação com o “ET de Varginha”, deixa-nos um recado que retrata o momento atual:

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido

Enfim, é lamentável essas figuras folclóricas paridas na SEF nesses últimos 15 anos. Ou mudemos ou tornar-nos-emos mais um conto, que será motivo de chacota para as gerações futuras.

Seria lúdico, se para nós – servidores do Fisco de Minas -, não fosse trágico!

Pode parecer paradoxal, mas “motorista de praça” também é passageiro.

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