Plano B contra greve
Correio Braziliense
29/05
O governo está disposto a dar mais poderes aos analistas-tributários caso os auditores-fiscais da Receita Federal decidam mesmo entrar em greve a partir da próxima semana. Apesar de reconhecer que a medida é extrema, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu que ela está em análise. O plano B ajudaria a amenizar os transtornos em portos e aeroportos, diminuindo os prejuízos causados por uma nova paralisação.
Bernardo disse ontem que não há como avançar na proposta econômica apresentada à categoria e que, diante da pressão dos auditores, soluções alternativas precisam ser levadas em conta além do corte de ponto dos grevistas. Eu acho radical, mas talvez a gente tenha de avaliar dar mais poderes aos analistas. Pelo menos, temporariamente, disse o ministro.
A idéia não é nova. Em abril, essa possibilidade chegou a ser discutida entre o Ministério da Fazenda e a Receita. Alçada novamente como opção real, a troca de papéis entre auditores analistas causou polêmica. O sentimento que a gente tem é de que estão querendo um trem da alegria. O sujeito faz concurso, ganha metade do salário do outro e quer ser o outro? O que é isso? A sociedade concorda? O governo quer patrocinar um trem da alegria?, disse Pedro Delarue, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Unafisco).
Para o representante dos auditores, Paulo Bernardo colocou o carro na frente dos bois ao apostar que a categoria decidirá pela retomada da greve. Ele se precipitou. Ainda não tem nada definido, resumiu. A rodada de assembléias estaduais dos auditores-fiscais acontecerá na segunda-feira. Os integrantes da carreira vão discutir se aceitam a última proposta apresentada pelo governo que eleva o salário final para R$ 19,4 mil em 2010.
Entre os Analistas-Tributários a idéia foi bem recebida. Hoje, argumentam, as funções desempenhadas por ambas as categorias se confundem. Fazemos praticamente tudo. Precisa só formalizar nosso papel. Me dê uma senha para jogar as informações no sistema e ninguém sente essa greve, disse Paulo Antenor de Oliveira, presidente do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita).
Vistos como a linha de frente do desembaraço de mercadorias que entram e saem do país, os analistas checam produtos, notas-fiscais e o recolhimento de impostos. Tidos como executivos, os auditores analisam as informações coletadas, tratam os dados e validam tudo no sistema eletrônico oficial que organiza o comércio exterior brasileiro.
Nota do Sinffaz: Este pensamento do Auditores Federais é igual ao dos Auditores Mineiros