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A escravidão dos prazos eleitorais e a campanha virtual

Já dizia o saudoso Dr. Tancredo Neves que “devemos ser escravos dos prazos eleitorais até para nos ver livres dos chatos e inconvenientes”. Nada mais atual do que esta máxima do velho Dr. Tancredo.

Esta cantinela da “velha política” é mais atual do que nunca. O prazo fatal para os pré-candidatos a Vereador e Prefeito vence no próximo dia 16 de setembro, segundo o Novo Calendário Eleitoral divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral. No caso específico do município de Montes Claros e da capital Belo Horizonte, tanto o Prefeito Humberto Souto como o Prefeito Alexandre Kalil (este último com baixíssimos índices de popularidade pela condução da pandemia na capital) irão, como políticos experientes que são, aguardar até o último minuto do dia 16 de setembro para divulgar o nome dos respectivos candidatos a vice.

Em Belo Horizonte, tudo converge para a indicação do competente Secretário Municipal da Fazenda, Fuad Nomam (ex-Secretário de Estado da Fazenda de Minas Gerais), na composição da chapa majoritária. Em Montes Claros, o atual Prefeito Humberto Souto (que goza de alto índice de aprovação em virtude das diversas obras e da boa gestão dos recursos públicos) tem no cargo de Vice-prefeito a noiva desejada do momento.

Por que o Vice em Montes Claros interessa tanto? Primeiramente pela possibilidade de que o atual Prefeito decida por não concluir totalmente o futuro mandato, transformando aquele que for ungido como Vice, no futuro Prefeito do antigo arraial das formigas. O segundo motivo de tanta cobiça é que a atual administração vem sendo muito bem avaliada por diversos institutos de pesquisa, sendo que não podemos divulgar os números aqui pelo fato das mesmas não terem sido registradas na Justiça Eleitoral. Em uma análise prévia do atual quadro aparecem ainda a intenção do ex-Prefeito Ruy Muniz de voltar a concorrer e a candidatura posta da Deputada Estadual Leninha, pelo Partido dos Trabalhadores. Uma terceira via pode ser construída capitaneada pelo ex-Prefeito Jairo Athayde e pelo empresário Pávlo Miranda. Neste último caso, o Médico, Empresário e Oficial da PM também é escravo da legislação no que se refere a prazo para filiação a um partido político.

Mas além da novidade dos prazos, entendemos que esta eleição municipal será a mais inusitada de todas a que já vivemos e participamos ao longo de mais de meio século. Isto fará a diferença. A campanha presencial dará lugar a campanha virtual ou digital, em que as redes sociais e a internet predominarão. Neste contexto, os atuais detentores de mandato (Vereadores e Prefeitos) saem na frente em virtude da estrutura do gabinete que dispõem para divulgação das suas atividades desde que assumiram os respectivos cargos.

Muda a campanha. Muda o discurso. Muda o meio. E muda também a mensagem. As questões municipais, com destaque para o combate a COVID-19, devem polarizar o curto debate político e o horário eleitoral (que volta a ter muito destaque). Tudo indica que alinhamento com Presidente ou Governador não vai pesar muito no voto do eleitor, mas sim questões do cotidiano. O enfrentamento ideológico entre esquerda-centro-direita deve ficar mesmo para as eleições de 2022.

Já destaquei em recente artigo que a pandemia da COVID-19 não tem cunho ideológico, atingindo a todos seja de que tendência for. Observei também que existe uma dicotomia desnecessária entre Negacionismo e Cientificismo, tema que deve vir à tona no horário eleitoral.

“A liberdade de eleições permite que você escolha o melhor molho com que será devorado”. A frase, do escritor argentino Eduardo Galeano, nos leva a acreditar que, na prática, a tão falada renovação na política não existe. Mas não é isto que observamos. Mudanças vem ocorrendo sim, aqui e acolá, em um forte sentimento de aversão à corrupção sistêmica e à antiga “Lei de Gerson”, em que “O negócio é levar vantagem, certo? ”.

Já dizia João Paulo II que “O mal do mundo é o cansaço dos bons”. Nesta toada, as pessoas de bem devem sim se apresentar para o eleitorado nas eleições municipais. Apresentar-se com um discurso transparente, objetivo, plausível e comprometido com o interesse maior do cidadão.

Fica, portanto, um desafio enorme para os pré-candidatos a Vereador e Prefeito: entender, processar e aplicar o “Novo Normal” na busca incessante de convencimento do eleitor e do cidadão. Tarefa nada fácil. Nunca se esquecendo da sabedoria de Dr. Tancredo e dos prazos eleitorais.

Artigo enviado por Gustavo Mameluque
Jornalista, Servidor Público/Gestor Fazendário, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros-MG, Membro da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês /Santa Casa de Caridade e Colunista do site montesclaros.com

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