A Pública Central do Servidor, em live transmitida pelo Facebook na noite da última segunda-feira (25), discutiu o tema “Políticas Públicas e Serviços Públicos durante e pós pandemia”. O debate contou com a participação do Senador Weverton Rocha (PDT-MA); do Presidente da Pública da Fespesp e da Assetj, José Gozze; do Vice-presidente da Pública e Presidente do Sinfazfisco-MG, Hugo René de Souza; e da Secretária Geral da Pública, Sílvia de Alencar.
Os internautas participaram da transmissão enviando comentários e elogiando a iniciativa da Pública em discutir o assunto.
O Presidente da Pública iniciou o debate perguntando ao Senador Weverton como ele vê, diante das últimas declarações do Ministro da Economia, Paulo Guedes, que ataca servidores, as políticas públicas e o serviço público para o cidadão.
O Senador agradeceu o convite de estar neste espaço democrático podendo dialogar e trocar as suas percepções e aflições com os dirigentes. Para ele, o serviço público vem sendo, de forma gradativa, criminalizado ao longo dos anos. O Senador Weverton disse também que de pauta em pauta, cedendo uma coisa ali ou outra aqui, a conta sempre recai sobre o menor, que é quem paga a conta e carrega um árduo fardo e, ainda assim, é taxado como privilegiado, como uma nata que é sustentada pela nação. Para o Senador, este é um grande equívoco, uma mentira e uma injustiça. “Basta ver, dentro desta crise, direta ou indiretamente os servidores estão dando a sua contribuição, ajudando a pensar soluções, ajudando a pensar o país”, afirmou o Senador.
Sobre a reunião ministerial, que teve o vídeo disponibilizado para a sociedade nos últimos dias, o Senador afirmou que o conteúdo e a forma como os assuntos são tratados pelo Presidente da República e seus Ministros deixou o Brasil horrorizado. Para ele, o vídeo demostrou o baixíssimo nível daqueles chefes de poder e o baixíssimo compromisso com a agenda do país.
Segundo o Senador, o Ministro Paulo Guedes demonstrou, durante a reunião, que seu compromisso é com grandes empresas e instituições financeiras e seu intuito é, até de forma criminosa, entregar empresas estatais nas mãos do capital privado.
Apesar de espantados, o Senador destacou que todos estão preparados para o bom combate e citou a vitória obtida em relação à convocação do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, para explicar, no Congresso, as declarações que fez durante a reunião ministerial do dia 22 de abril.
O Senador também falou sobre ajuda financeira para Estados e Municípios, que para ele é muito necessária. De acordo com o Senador, a agenda do governo previa apenas a redução salarial dos servidores e que isso foi evitado com a interferência do parlamento, que não permitiu este atraso e esta violência contra os servidores.
Para o Senador, é preciso uma agenda conjunta, que inclua sociedade e parlamentares, para combater democraticamente aqueles que são a favor de um pensamento único e que não aceitam ser contrariados.
A Secretária Geral da Pública, Silvia de Alencar, ressaltou na sua fala que nós vivemos um momento muito difícil. Ela destacou o orgulho que sente pela boa representação do Nordeste brasileiro e pela atuação do Senador e o cumprimentou pela vitória em conseguir a convocação do Ministro da Educação para prestar esclarecimentos no Congresso. Para ela, a desqualificação do corpo ministerial do Presidente da República causa dor e preocupação para os brasileiros, já que esse comportamento não permite que eles façam uma boa gestão para o país. Silvia afirmou, ainda, que o país depende da atuação dos servidores públicos, que vem sendo massacrados e marginalizados, mas apesar de tudo resistem e vão continuar na luta. A Secretária Geral disse, também, que a Pública Central do Servidor está ao lado do Senador para o que for necessário para resistir e fazer do Brasil um país mais justo, com menos desigualdades sociais, que está abruptamente escancarada pela pandemia que nos atinge.
O Senador agradeceu e reforçou que está à disposição para juntos enfrentarem estes desafios.
O Vice-presidente da Pública e Presidente do Sinfazfisco-MG, Hugo René de Souza, disse que acompanha o posicionamento do parlamentar desde a Reforma Trabalhista, que para ele foi um absurdo e uma violência com o trabalhador. Para o dirigente sindical, o servidor público esqueceu da máxima que diz que temos que dividir para conquistar, quando deixaram que a Reforma Trabalhista separasse o setor público do privado sem que houvesse qualquer reação por parte do servidor. Hugo questionou o Senador sobre qual seria a melhor opção neste momento – que vemos um governo fascista no poder – e o que os trabalhadores, tanto da iniciativa pública, quanto da privada podem fazer?
Para o Senador Weverton o primeiro passo é convidar a todos, principalmente os servidores, a saírem de sua zona de conforto. Ele citou que muitas vezes, por mais dedicadas que sejam as representações, os representados não atendem as convocações ou não percebem que essa luta, até desproporcional, é feita em defesa deles. O Senador disse, também, que este momento nos favorece para gerar conteúdo para quem está desgostoso e triste com este governo e citou uma pesquisa da XP, que aponta uma rejeição de mais de 50% do Governo do Presidente Bolsonaro. Para o parlamentar, se eles têm robôs, nós temos pessoas. Pessoas que pensam, que formulam e o que falta é que cada um crie coragem para fazer esse enfrentamento.
Ainda segundo o Senador, o momento que vivemos é muito perigoso e o caminho mais acertado é fortalecer as instituições, mostrando para o Presidente que nenhuma tentativa de quebra do Estado Democrático de Direito será tolerada.
O Presidente José Gozze comentou sobre o momento em que vivemos, diante de uma pandemia que está entrando nas periferias, nos morros e nas favelas, aumentando cada vez mais o número de vidas que se vão e perguntou ao Senador: como imaginar isso se não tivéssemos o SUS, onde o funcionário público está o tempo todo como médicos, enfermeiros, ainda que com baixos salários?
Para o Senador Weverton, o que ainda está funcionando e ajuda, principalmente no Norte, Nordeste e nas grades periferias do Brasil, é justamente o serviço público. E são esses profissionais que tem coragem de expor suas vidas e estão mostrando que estão aí para o que der e vier. E são esses que são injustiçados e vistos como bandidos, seletos, “a nata de geladeira cheia” como gosta de falar o Ministro da Economia. E por isso não podemos perder o grande foco que é, primeiro barrar as agendas de retrocesso dentro do Congresso e segundo tirar o cidadão da sua zona de conforto para que ele comece a participar de alguma forma e dar a sua contribuição para a democracia.
O Presidente da Pública passou então para o ponto pós pandemia e perguntou ao Senador como ele vê o papel do servidor neste novo Brasil que terá que ser criado.
O Senador ressaltou que o Estado que não tem compromisso com as suas gerações, não pode pensar em riqueza e não pode pensar no futuro, até porque sua riqueza é sua própria gente. O representante do legislativo falou também sobre o projeto de sua autoria que acabava de ser aprovado no Senado. O projeto proíbe o corte de energia e água nas residências e comércios nos finais de semana, feriados ou vésperas de feriados. Para ele um projeto simples, mas muito importante pelo valor de justiça social.
Hugo René de Souza ressaltou que só não sabe a importância deste projeto, quem nunca teve a energia ou água cortadas durante o fim de semana. Por já ter passado por isso, o dirigente sabe o quanto é humilhante. Hugo, usando uma frase do Brizola, disse que divididos seremos degraus para a direita subir e perguntou ao Senador se ele acha que a esquerda está muito dividida. Questionou, ainda, que não conseguimos passar para a população que a presença do Estado só é percebida pelo trabalho do Servidor Público e se já não está na hora de mostrarmos isso de uma forma mais contundente e mais unida, ao invés de divididos.
O Senador Weverton disse que fomos perdendo justamente nas nossas divisões e infelizmente fortalecemos aqueles que não tinham nada a ver com a gente. Para ele, a maior preocupação é essa divisão em 2022. Os líderes não estão sintonizados e isso está faltando, já que se nos unirmos seremos imbatíveis.
Finalizando o debate, a Secretária Geral, Silvia Alencar, agradeceu a participação, parabenizou o Senador pela aprovação do projeto e disse que precisamos estar unidos.
O Presidente da Pública também agradeceu e ressaltou, mais uma vez, que a entidade está à disposição.
O Senador agradeceu pelo espaço e disse que também estará sempre à disposição.
Veja o debate completo no vídeo:
https://www.facebook.com/publicacentraldoservidor/posts/1172767359727072